terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Navegação Ancestral do Titicaca

Era uma manhã clara e fria, quando sai do aconchego e da bela arquitetura colonial do Hotel Rosario del Lago, na ribeirinha cidadezinha de Copacabana no imenso altiplano boliviano e embarquei numa veloz lancha rumo à intimidade do Titicaca.














O moderno e o Ancestral - Lago Titicaca

Depois de dobrar a ponta de um grande penhasco que se projetava dentro do lago, saindo da beira pedregosa, me aproximei à espessa aglomeração de vegetação aquática que dominava todo o fim da pequena baía e descobri um discreto e pequeno canal, utilizado para a entrada e saída de embarcações. Ao me assomar ao estreito e meio camuflado corredor, distingui ao fundo encostada na praia, uma bela e curvilínea balsa quase dourada brilhando no tímido sol dessa hora. Um involuntário calafrio estremeceu-me já que depois de anos de saber da existência dessas famosas e quase míticas balsas, ao fim tinha o privilégio de chegar perto delas.

Na minha infância tinha ganhado o livro Kon Tiki do lendário cientista e navegador Thor Heyerdhal, onde narra em bem construídas páginas plenas de emoção, a épica viagem que realizou em 1947, atravessando o Oceano Pacífico entre as costas sudamericanas e a Polinésia, para provar a teoria de que o homem americano era originário dessas paradisíacas regiões. A leitura do seu livro me proporcionou grandes momentos de prazer e desenvolvi uma profunda admiração pelo impressionante conhecimento de navegação que possuíam alguns antigos povos de América.





















No Estaleiro

Enquanto contemplava as azuis e frias águas do imenso e belo lago, não podia deixar de refletir sobre os mistérios dos velhos marinheiros pré-colombianos do lago, o motivo principal que me levava ao lugar, propriamente à ilha de Suriki, onde seguindo uma tradição ancestral ainda se fabricam as conhecidas balsas da lendária fibra de totora. Esta é uma espécie de junco muito resistente que cresce só no altiplano andino, em alguns lugares da Polinésia e na Ilha de Páscoa.

 Antigamente se encontrava em grandes quantidades ao longo das beiras dos lagos andinos, mas com o tempo e a intensa extração humana, sua presença foi declinando até chegar aos dias de hoje, com uma distribuição restringida tão só a uns poucos cantos do lago.
Os antigos a colhiam para uma série de usos, levantar as suas casas, fazer as suas redes de pesca, alimentar os animais e construir as belas, tradicionais e eficientes embarcações que chegaram a se tornar um cartão de visita do lago e do país.



















Construindo

Em grandes traços, a técnica empregada para estas balsas, é a de fazer um grosso e longo feixe de fibras de totora com um dos extremos levantados, chamado carinhosamente de "cavalinho", reforçado com várias camadas superpostas, até obter a grossura desejada. Estando condicionadas a um esforço maior e expostas tanto ao sol como a água, as camadas externas se fragilizam muito mais velozmente que as interiores, tendo que trocá-las com relativa freqüência. Esse sistema de construção faz com que não seja necessário renovar toda a estrutura depois do desgaste, senão somente a parte afetada pela ação solar e o atrito com a água.

Este apanhado de totora é amarrado em espiral e se conecta com outros em grupos de dois ou quatro, que são unidos por uma corda chamada huangana. Os dois feixes superiores são cortados antes de chegar à popa, para deixar um espaço conhecido como "a caixa", onde colocam o produto da pesca, enquanto o pescador vai montado sobre a parte da popa. Essa é a razão de que as balsas sejam conhecidas popularmente como “caballitos”, em bom português, cavalinhos. Nos tempos anteriores à conquista hispânica, houveram grandes balsas de totora sem a característica popa recortada e que faziam intensa cabotagem ao longo do litoral povoado por inúmeras tribos indígenas.

Em arcaicas representações zoomórficas de navegação, desenhadas sobre cerâmicas da cultura peruana Mochica, que fez parte dos povos dominados pelo império do Tiwanacu urbano clássico, aproximadamente no ano 100 DC, se apreciam figuras alegóricas que simbolizam personagens da sua cosmovisão e mitologia, sobre embarcações de totora cujas características principais se reconhecem pelos inconfundíveis feixes da construção. Em tempos mais recentes estas balsas voltam a aparecer nos desenhos e narrações de cronistas, viajantes e conquistadores espanhóis como Guaman Poma, Oviedo e Cieza de León.





















Na imensidão do Lago

As velas eram empregadas freqüentemente na região do Titicaca, enquanto no litoral ainda não tem podido ser determinado seu uso nas balsas de totora, embora nas de madeira já fossem utilizadas normalmente. As velas ou achjiwanas podiam ser quadradas, romboidais ou trapezoidais.

A possibilidade de que estas balsas de troncos pudessem realizar viagens marítimas longas, foi demonstrada com os achados de peças de cerâmica que Thor Heyerdah fez nas lhas Galápagos, sugerindo que fossem produto de viagens intermitentes e temporais. No litoral peruano, os habitantes prehispánicos no utilizaram árvores devido ao seu peso e à pouca flutuabilidade. No entanto algumas tribos faziam canoas para deslocamentos curtos de guerra, escambo, pesca e coleta de frutas e madeira.

Como temos podido observar, a navegação prehispãnica estava o suficientemente desenvolvida para encarar longas viagens litorâneas e como prova disso, temos as famosas canoas maias, que chegavam até o Panamá saindo da Península de Yucatão a muitas milhas de distância. Algumas delas alcançavam até os 30 metros de comprimento e eram feitas basicamente de troncos de cedros trabalhados com fogo, efetuando grandes travessias oceânicas de 4.000 quilômetros.















Rumo ao infinito

Também se destacaram as balsas de paus e de totora, utilizadas para comerciar na região intermediária e cuja presença apoia-se numa escritura do espanhol Pascual de Andagoya, onde se descreve que em 1521, um cacique da impenetrável e selvagem área de Darién, no litoral sul do Pacífico panamenho, plasmou uma lhama em argila e com grande cerimônia diz: "O reino do ouro está onde mora a gente que tem esses animais".

Para provar um pouco disso, em 1969 Gene Savoy realizou uma viagem entre Salaverry, perto de Trujillo em Peru e o litoral ocidental do Panamá, numa balsa de totora feita do modo pré-hispánico, demonstrando que a flutuabilidade e duração da fibra era dois meses maior que a normalmente aceita e de que os povos antigos navegavam habitualmente nessa área.














Balsa na beira de Totora

Faz alguns anos, vários artesões construtores de balsas foram levados a Marrocos, onde construíram duas embarcações, uma delas uma réplica da quase mitológica “Ra” que foi utilizada pelo cientista Thor Heyerdhal para atravessar o oceano Atlântico (segunda expedição). Também foram objeto de experiências transoceânicas o Tigris e o Uru, este último do jovem navegante espanhol Kitín Muñoz. Ambas personagens cada uma numa década diferente, quiseram provar a têse das possíveis travessias dos primeiros navegantes asiáticos que cruzaram os mares até chegar a América.

De Thor Heyerdahl não tem o que acrescentar, a sua história é muito bem conhecida por todos aqueles que têm um vínculo com a navegação no mundo, ou que de uma ou outra forma amam o mar.
 No constante ciclo de renovação da vida, há novas histórias que devem ser narradas com seus mil e um detalhes a causa dos valores humanos que guardam. A deste jovem espanhol que acabo de mencionar e que está ligada visceralmente à história das suas embarcações, a “Mata Rangi I” e a “Mata Rangi II” é uma delas. Das duas balsas, que também foram construídas com totora, a primeira partiu da mítica Ilha de Páscoa, localizada a uns 3.000 quilômetros do litoral sudamericano, quase encostada na Polinésia e sob jurisdição chilena. A saída contou com o grande entusiasmo de numerosas instituições e autoridades de Governo. Porém a heróica travessia teve um final inesperado, a Mata Rangi I, que em língua pascoense (Rapa Nui) quer dizer poeticamente "os olhos do paraíso", teve uma construção difícil e tão só apenas 17 dias de vida.














Ilhota do lago - Titicaca

Apesar do enorme esforço e capacidade dos índios aymaras da ilha Suriki de Bolívia, esta primeira balsa sofreu numerosos percalços, devido às chuvas torrenciais que caíram nos últimos dias antes da partida. Eles viajaram à Ilha de Páscoa com o mestre construtor Paulino Esteban, que trabalhou lado a lado com os nativos pascuenses, levando enormes quantidades de totora do cráter do vulcão Rano-Raraku até a praia Anakena a única da ilha. Foram utilizadas 10 mil ataduras do vegetal na construção da Mata Rangi, mas lamentavelmente os juncos que cresciam dentro do vulcão não eram os mais adequados para construir a maior balsa de totora do mundo moderno.

 Os aymaras descobriram que na base da enorme nave, a totora que normalmente tem uma saudável cor de espiga, tinha se tornado negra. Um péssimo sinal, o junco apodrecido teve que ser trocado imediatamente, mas a causa das chuvas, o material que usou-se no obteve a secagem indispensável para torná-lo resistente. Embora esse sério obstáculo, a Mata Rangi voltou ao mar e os cálidos ventos impulsaram as velas da balsa e com elas, os corações de seus 12 tripulantes: 7 pascuenses, 2 tahitianos, 2 índios aymaras e o capitão Muñoz.















O equilibristra do Titicaca
A inclemência do tempo provocou sérios desperfeitos na frágil embarcação e a tripulação lutou sem descanso, para manter a nave a flote substituindo a totora destruída. Ferida de morte após uma forte tormenta, finalmente partiu-se em dois. Se não fosse o sofisticado relógio “breitling emergency” de Kitín, que emitiu um sinal de auxílio via satélite, os tripulantes da balsa não teriam sido resgatados rapidamente no meio do imenso Pacífico.

Há uma superstição entre os Ilhéus Polinésicos que diz: “Não olhes à ilha quando o barco esteja zarpando”. "Não pude evitar olhar para trás", confessou o compungido aventureiro espanhol, dias depois do naufrágio da nave.

A expedição tinha o objetivo de demonstrar novamente, no encalço de Heyerdhal, que os antigos habitantes de América foram capazes de chegar à Polinesia nas suas milenares embarcações de totora e além disso, difundir uma mensagem de harmonia entre todos os povos indígenas.

 O audacioso viajante espanhol de 40 anos, que em 1987 já obtivera notoriedade mundial ao conseguir navegar na balsa de totora Uru, desde Perú até as Ilhas Marquesas na Polinésia Francesa, o explorador curtido em mil viagens que o levaram aos mais recônditos confins do mundo, sentia-se destroçado pelo fracasso da Mata Rangi. Tinha sido um árduo trabalho que juntou muitos orgãos, países, esforços, vontades e esperanças. Desde a Unesco, que fez seu o projeto e lhe deu a Kitín, o titulo de embaixador para os povos indígenas, até os países involucrados; Espanha, Chile e Bolívia.




















Chegando a casa - Titicaca

Mas há sonhos que não desaparecem, que não podem naufragar porque possuem a força das tempestades ancestrais, sonhos que representam a coragem e a ousadia dos homens primigenios que conseguiram descobrir novos mundos.

O sonho de Kitín Muñoz não podia morrer, tinha o coração destroçado como a balsa que jazia no fundo do oceano, porém um venerável velho da Ilha de Páscoa disse-lhe com a mente iluminada:, "você não tem naufragado, tem plantado totora da ilha no oceano, e tudo o que for plantado cresce". E o velho pascoense pronunciou a frase premonitória: "Mata Rangi voltará navegar".

O sonho renasceu como a Ave Fênix e como vinda das quietas profundidades do Pacífico, a confiança no projeto fez-se a tônica e depois de três meses sem ver terra, percorrendo 1.000 milhas marinhas (10.000 quilômetros), Muñoz conseguiu demonstrar a teoria do cientista norueguês Thor Heyerdahl, de que os primitivos navegantes americanos foram capazes de atravessar o Oceano Pacífico em grandes balsas de juncos, além de simbolizar a relação que o homem atual deve ter com a Natureza.

A bordo do Mata-Rangi II, a maior balsa de juncos de totora construída desde a Antigüidade (29 metros de eslora, sete de largura e 4,5 de altura, com um peso aproximado de 20 toneladas), o espanhol partiu do porto chileno de Arica, um dos maiores enclaves marítimos do passado. A tripulação não teve problemas sérios com a convivência de raças e culturas diversas e conseguiu se manter unida nos momentos mais delicados da expedição. A harmonia foi o denominador comum nesses três meses de permanência obrigatória. Fortes laços de união foram criados depois de tanto tempo juntos. Na travessia, planejada, apresentada, direcionada e realizada pelo templo do espanhol, se reflete a integração dos membros da balsa, incluindo os momentos mais adversos.






















Travessia familiar

Depois de dois meses e meio sem nenhum contratempo, a tripulação descobriu que um parasito marinho chamado "teredo navalis" tinha ido comendo lentamente as cordas de amarra da balsa, as que começaram a partir-se sem que pudessem fazer nada por evitá-lo. Foi a experiência mais terrível da viagem. O mar estava infetado de tubarões e tinham que entrar na água para tentar remediar a situação. Porém, apesar do contratempo, a tripulação não perdia o sentido do humor, comentaria depois o capitão. Finalmente, o problema foi resolvido ao dividir a balsa em dois e estabilizar as amarras com as cordas que ainda estavam em melhor estado.

Durante 15 dias, navegaram em condições épicas até alcançar as Ilhas Marquesas na Polinesia Francesa, das que lhes separavam 1.500 quilômetros. Sem leme, a balsa ficou reduzida às duas terceiras partes. A rápida aclimatação ao entorno durante a navegação foi determinante e em menos de um mês, conseguiram ter uma perfeita harmonia com o ambiente. O contato direto com o mar e a alimentação baseada quase exclusivamente de peixes os endureceu muito, mas também os integrou com o meio, como se estivessem numa espécie de ilha flutuante, uma radical e prática escola de adaptação aos rudes côdigos do mar.















Os azuis profundos dos Andes

Nos três meses de viagem, foram consolidadas as teorias e prestigiado todo o processo de construção da balsa, uma réplica rigorosa das usadas pelos antigos navegantes. Da recoleção da totora nas beiras do Titicaca, passando pelo transporte dos 600 feixes trançados de 30 metros de comprimento até o litoral do Deserto de Atacama em Arica, à construção e à acidentada navegação, tudo se transformou numa aula de planejamento, coragem, perseverança e entrega total ao objetivo determinado.

Quando subí na embarcação de totora na ilha de Suriki e nos dirigimos à Ilha do Sol, distante algumas horas de viagem, pensei na audácia, coragem e inteligência do homem através dos séculos para desafiar a imensidão do mar e desvendar as distâncias em precárias estruturas de madeira que apesar de serem brinquedo dos elementos, desempenhavam o seu papel com coragem e dignidade.















Turista encantada " O imenso lago tingido pela pâtina dos séculos, é considerado o lago navegável a maior altura do globo. Possui uma superfície de 8.560 Km2, com uma largura media de 60 km e 165 km de comprimento. Tem uma profundidade máxima de 274 metros e a temperatura media das suas águas é de 9º C. Se acredita que a sua formação geológica obedece a restos de un antigo mar aprisionado entre os Andes.

Suas águas são de uma impressionante cor azul zafiro, excetuando nas proximidades das margens da cidade de Puno, do lado peruano, onde por efeito da contaminação, sua cor é verdosa a causa da proliferação de uma alga chamada de "lentilha de água", planta da família das lemnáceas, que boia nas águas paradas e cujas folhas têm a forma e o tamanho do fruto da lentilha."

Criado pelos rios e córregos vindos dos degelos da Cordilheira dos Andes e as correntezas sazonais, formadas na época das chuvas, o gigantesco lago possui uma sobrecogedora beleza, tingida de sedução, pela monumental riqueza arqueológica que guarda na sua imensa superfície. Nas suas beiras extensas e irregulares e na enigmática profundeza das suas águas, se escondem muitos mistérios até agora sem respostas precisas. Em 1967, o famoso oceanógrafo Jacques Cousteau, em companhia de pesquisadores bolivianos, esteve investigando no fundo do lago, achando cerâmicas e grandes blocos de pedra trabalhada semienterradas no lodo, além de enormes rãs de mais de 60 centímetros, muito apreciadas pela população indígena e por restaurantes mas que hoje são difíceis de ver.
Uma das explorações mais conhecidas foi a do cientista boliviano Hugo Boero Rojo em 1979, quando fez uma longa filmagem das profundezas, que revelou monumentais retângulos de pedra que pareciam corresponder a muros de templos semidestruidos e a caminhos empedrados que se perdiam em inexploradas cavernas do fundo do lago.






















Iate - lago Titicaca

Gigantescas redes de terraços se espalham por quilômetros e quilômetros, acompanhando todo o contorno do lago, como prova inquestionável do desenvolvido sistema de irrigação que possuíam os povos preincaicos que habitaram a região em épocas remotas.
 É impressionantes vê-los nas íngremes ladeiras dos morros que cubrem toda a região de Copacabana e do lago em geral em quantidades tais, que se todos estivessem produzindo, a colheita seria de bater recordes. Se diz que no apogeu do império Tiahuanacota mais de dez milhões de pessoas povoavam os seus vastos domínios.

Não é difícil acreditar nisso, ao ver que durante quilômetros e quilômetros de navegação pelo lago, não cessam de se ver os muros de pedras cortando os morros verticalmente, formando as estreitas plataformas onde os esforçados e eficientes agricultores indígenas produziam vários tipos de alimento, como mais de 250 tipos de batatas, a nutritiva quinua, um cereal sagrado e infaltável no dia a dia dos tiahuanacotas e incas, a oca, uma deliciosa raiz da família dos tubérculos, o milho em variedades desconhecidas em outros lugares do mundo e o amaranto, outro cereal milenar de tão alto valor nutritivo, que a NASA o introduziu nos estritos e planejadíssimos programas alimentares dos seus astronautas. Isso sem esquecer das favas e a cevada, cultivos tradicionais dos antigos povos do altiplano.















Lancha de Turisbus.

Com o sol já iniciando a sua viagem de despedida rumo ao crepúsculo, cruzamos duas belas embarcações de totora refulgindo como se fossem de ouro, com os derradeiros raios acariciando suas estruturas de um marrom dourado. O vento as impulsionava velozmente e parecia querer ocultá-las dos olhares indiscretos dos curiosos e mantê-las no mistério como vem feito desde as épocas mais remotas...




FOTO SAT.



MAPA




Fotos: Cortesia do Viceministério de Turismo de Bolívia.

Texto: Luis Carlos Rojas Espinoza ( Luca Spinoza)
E-mail: ideasyletras@gmail.com

Site da empresa que faz as viagens pelo lago: http://www.travelperubolivia.com/

Fonte: http://www.sportnautica.com.br/Rojas/Luca_Spinoza.htm

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