quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


Santa Cruz a Samaipata

Estamos em Santa Cruz conhecendo melhor essa metrópole, cheia de carros e exposições de arte. Também aproveito o variado comércio local para resolver um problema sério causado por uma renomada loja de equipamentos fotográficos de São Paulo, a Consigo Foto e Som.

Antes da viagem comprei pela internet uma cabeça de tripé apropriada para a realização das filmagens que faremos, me cadastrei, escolhi o produto, paguei imediatamente e fiquei esperando o envio por sedex. Fiquei três dias esperando adiando nossa saída, até que, depois de enviar um email que nunca foi respondido, resolvi usar o velho e bom telefone. Foi assim que descobri que a Consigo não tinha o produto, não me avisou, não respondeu meu email, se eu continuasse esperando a encomenda chegar eu estaria em Cuiabá até agora.

Muito chateado, cancelei a compra e pedi o reembolso do meu dinheiro. Só faltou eles me devolverem os três dias perdidos esperando meu produto chegar, isso eles não me devolveram, mas perderam um bom cliente e vou alertar pelas redes sociais os meus colegas de trabalho, pois comigo a Consigo não vende mais nada pela internet.

Assim, depois de muito procurar, acabei achando um tripé completo com cabeça para vídeo e só me resta arrumar as mochilas e irmos a Samaipata - nosso primeiro destino turístico de verdade na rota para o Pacifico.

Samaipata é uma pequena e antiga cidade localizada a 120 km de Santa Cruz, fica a cerca de 1600m de altitude, com um clima e paisagens exuberantes. Sempre penso na Chapada dos Guimarães quando vou a Samaipata, e na verdade, essa é a melhor comparação a ser feita. Os endinheirados e amantes da natureza bolivianos e estrangeiros que vivem em Santa Cruz, além de muitos outros estrangeiros, estão comprando terras e lotes para a construção de suas casas e chácaras de final de semana. 

Vista da Vila de Samaipata

Os turistas mochileiros e exotéricos também devem, obrigatoriamente, visitar a região que abriga boa parte do Parque Nacional Amboró, um dos mais importantes e belos da America Latina. Há vários atrativos naturais que permitem um intenso contato com a natureza local, onde encontramos além de muitas montanhas e cachoeiras, morros gigantes de arenito vermelho e florestas tropicais, inclusive um espetacular Bosque de Samambaias Gigantes.

A cidadezinha feita em grande parte de casas coloniais de adobe, tem pequenas pousadas e alguns armazéns que vendem produtos naturais de todo o mundo, tudo voltado para os turistas estrangeiros que vem passar temporadas por aqui, curtindo a vida e a natureza.

Não bastasse tudo isso, vamos encontrar nas proximidades de Samaipata uma das jóias raras da arqueologia americana - o “Forte ou Fortaleza de Samaipata” - o maior monólito rochoso esculpido do mundo, com centenas de nichos e monumentos escavados na pedra, muitas ruínas de edificações militares e outras datadas do período pré-incaico e incaico.

Forte Samaipata

O lugar impressiona pela monumentalidade e pelos mistérios que lhe são atribuídos. A bela localização em meio ao alto das montanhas, o cuidado com o qual os bolivianos montaram um Parque Arqueológico e Eco-turístico e também um Museu em seu redor servem como lição à nós brasileiros. Mas voltando um pouco no tempo, de Santa Cruz a Samaipata é possível tomar ônibus, que sai do antigo terminal rodoviário. Mas o transporte mais utilizado são táxis e vans que saem principalmente pela manhã e continuam saindo durante todo o dia. Os interessados vão ao escritório da Expresso Samaipata e ficam na rua esperando algum táxi chegar que levam até 7 passageiros e toda a bagagem. Não sei bem como conseguem, mas esse é o sistema e funciona bem.

Apesar dos riscos, há uma bela estrada que serpenteia o cânion ao longo do rio Piray, que às vezes se mostra muito violento provocando enchentes, destruição e mortes.


Ficamos hospedados no Resort El Pueblito, localizado a 2km acima da vila. É um empreendimento de muito bom gosto onde não existem televisões nos quartos e a internet é muito fraca. Talvez por isso, assim como pela qualidade das acomodações e da culinária, o lugar está sempre cheio de pessoas que querem se desligar um pouco dos agitos cotidianos para entrarem na frequência da natureza.







Hotel El Pueblito



Combinamos de fazermos a documentação do Forte de Samaipata e do Codo de los Andes com o guia de turismo, senhor Tibúrcio Mendez, da Samaipata Tours e imediatamente alugamos um carro e fomos ao Parque Arqueológico e Ecoturístico, situado a cerca de 9km da vila de Samaipata por uma íngreme estradinha com um visual exuberante que leva ao topo das montanhas e ao Fuerte de Samaipata, considerado como um centro cerimonial e administrativo pré-hispânico e que foi transformado em Patrimônio Cultural da Humanidade.

Vista Lateral do Forte Samaipata


As ruínas são consideradas como o terceiro maior conjunto de ruínas incaicas da américa, ficando atrás de Machu Picchu no Peru e Incallajta que fica na região de Cochabamba na Bolívia. Passamos todo o dia debaixo de um sol muito forte, percorrendo uma parte significativa das ruinas já escavadas e preparadas pelos arqueólogos bolivianos para receber visitação.






Ao redor existem muitas outras ruínas cobertas pela vegetação de floresta primária e secundária, um tesouro oculto e que deve continuar assim, pois seriam necessários muitos investimentos em projetos de exploração, pesquisa, escavações e restaurações para tornar público esse grande patrimônio arqueológico que provavelmente rivalizaria com a própria Machu Picchu.




Muitas horas depois, torrados pelo sol, cansados com as subidas e descidas e com o esforço em fotografar e filmar o máximo possível, nós percebemos que não haveria mais tempo de ir ao Codo de los Andes ou ao Bosque das Samambaias Gigantes neste mesmo dia. Visitamos a pequena vila que agora cresce a olhos vistos, impulsionada pelo turismo e especulação imobiliária.

Descobrimos que além de muitas agências de turismo, ecoturismo e pousadas, Samaipata tem neste período uma agitada noite, impulsionada por turistas e mochileiros de todas as partes do mundo.

Mario Friedlander

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