Santa Cruz a Samaipata
Estamos
em Santa Cruz conhecendo melhor essa metrópole, cheia de carros e exposições de
arte. Também aproveito o variado comércio local para resolver um problema sério
causado por uma renomada loja de equipamentos fotográficos de São Paulo, a
Consigo Foto e Som.
Antes
da viagem comprei pela internet uma cabeça de tripé apropriada para a
realização das filmagens que faremos, me cadastrei, escolhi o produto, paguei
imediatamente e fiquei esperando o envio por sedex. Fiquei três dias esperando
adiando nossa saída, até que, depois de enviar um email que nunca foi
respondido, resolvi usar o velho e bom telefone. Foi assim que descobri que a
Consigo não tinha o produto, não me avisou, não respondeu meu email, se eu
continuasse esperando a encomenda chegar eu estaria em Cuiabá até agora.
Muito
chateado, cancelei a compra e pedi o reembolso do meu dinheiro. Só faltou eles
me devolverem os três dias perdidos esperando meu produto chegar, isso eles não
me devolveram, mas perderam um bom cliente e vou alertar pelas redes sociais os
meus colegas de trabalho, pois comigo a Consigo não vende mais nada pela
internet.
Assim,
depois de muito procurar, acabei achando um tripé completo com cabeça para
vídeo e só me resta arrumar as mochilas e irmos a Samaipata - nosso primeiro
destino turístico de verdade na rota para o Pacifico.
Samaipata
é uma pequena e antiga cidade localizada a 120 km de Santa Cruz, fica a cerca
de 1600m de altitude, com um clima e paisagens exuberantes. Sempre penso na
Chapada dos Guimarães quando vou a Samaipata, e na verdade, essa é a melhor
comparação a ser feita. Os endinheirados e amantes da natureza bolivianos e
estrangeiros que vivem em Santa Cruz, além de muitos outros estrangeiros, estão
comprando terras e lotes para a construção de suas casas e chácaras de final de
semana.
Vista da Vila de Samaipata
Os
turistas mochileiros e exotéricos também devem, obrigatoriamente, visitar a
região que abriga boa parte do Parque
Nacional Amboró, um dos mais importantes e belos da America Latina. Há
vários atrativos naturais que permitem um intenso contato com a natureza local,
onde encontramos além de muitas montanhas e cachoeiras, morros gigantes de
arenito vermelho e florestas tropicais, inclusive um espetacular Bosque de
Samambaias Gigantes.
A
cidadezinha feita em grande parte de casas coloniais de adobe, tem pequenas
pousadas e alguns armazéns que vendem produtos naturais de todo o mundo, tudo
voltado para os turistas estrangeiros que vem passar temporadas por aqui,
curtindo a vida e a natureza.
Não
bastasse tudo isso, vamos encontrar nas proximidades de Samaipata uma das jóias
raras da arqueologia americana - o “Forte
ou Fortaleza de Samaipata” - o maior monólito rochoso esculpido do mundo,
com centenas de nichos e monumentos escavados na pedra, muitas ruínas de
edificações militares e outras datadas do período pré-incaico e incaico.
Forte Samaipata
Apesar dos riscos, há uma bela estrada que serpenteia o cânion ao longo do rio Piray, que às vezes se mostra muito violento provocando enchentes, destruição e mortes.
Hotel El Pueblito
Combinamos
de fazermos a documentação do Forte de
Samaipata e do Codo de los Andes
com o guia de turismo, senhor Tibúrcio Mendez, da Samaipata Tours e imediatamente alugamos um carro e fomos ao Parque
Arqueológico e Ecoturístico, situado a cerca de 9km da vila de Samaipata por
uma íngreme estradinha com um visual exuberante que leva ao topo das montanhas
e ao Fuerte de Samaipata, considerado como um centro cerimonial e
administrativo pré-hispânico e que foi transformado em Patrimônio Cultural da
Humanidade.
Vista Lateral do Forte Samaipata
As
ruínas são consideradas como o terceiro maior conjunto de ruínas incaicas da
américa, ficando atrás de Machu Picchu no Peru e Incallajta que fica na região
de Cochabamba na Bolívia. Passamos todo o dia debaixo de um sol muito forte, percorrendo
uma parte significativa das ruinas já escavadas e preparadas pelos arqueólogos
bolivianos para receber visitação.
Ao
redor existem muitas outras ruínas cobertas pela vegetação de floresta primária
e secundária, um tesouro oculto e que deve continuar assim, pois seriam
necessários muitos investimentos em projetos de exploração, pesquisa, escavações
e restaurações para tornar público esse grande patrimônio arqueológico que
provavelmente rivalizaria com a própria Machu Picchu.
Muitas
horas depois, torrados pelo sol, cansados com as subidas e descidas e com o
esforço em fotografar e filmar o máximo possível, nós percebemos que não haveria
mais tempo de ir ao Codo de los Andes ou ao Bosque das Samambaias Gigantes
neste mesmo dia. Visitamos a pequena vila que agora cresce a olhos vistos,
impulsionada pelo turismo e especulação imobiliária.
Descobrimos
que além de muitas agências de turismo, ecoturismo e pousadas, Samaipata tem
neste período uma agitada noite, impulsionada por turistas e mochileiros de
todas as partes do mundo.
Mario Friedlander
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