sexta-feira, 4 de março de 2011

Matéria publicada na Revista Sina

Expedição busca dar visibilidade à comunidade Afroboliviana



"Queremos ser mais visíveis que nunca, através de nosso Rei, para que o mundo inteiro saiba fora de nossas fronteiras que a Bolívia não é um país somente de indígenas."


Uma paixão pela Bolívia, o conhecimento profundo da Comunidade Negra do Vale do Guaporé, em Mato Grosso, e uma inspiração que brotou das palavras da líder afroboliviana, Marta Inofuentes. Esses foram os ingredientes para o surgimento do Projeto Paralelo 15. Com o objetivo de mostrar um universo até então desconhecido para a maioria dos bolivianos e dos latino-americanos, o projeto iniciou sua primeira etapa o dia 25 de fevereiro.
"Queremos ser mais visíveis que nunca, através de nosso Rei, para que o mundo inteiro saiba fora de nossas fronteiras que a Bolívia não é um país somente de indígenas." O clamor de Marta Inofuentes serviu de estopim para que o fotógrafo Mário Friedlander, acreditasse na idéia que já vinha sendo plantada pelo seu amigo Luca Spinoza, jornalista Chileno, radicado na Bolívia. A partir daí, a idéia de apresentar ao mundo a comunidade Afroboliviana, fazendo um paralelo com a comunidade negra que vive no Vale do Guaporé, na divisa com a Bolívia, virou projeto e ganhou a adesão do guia de Ecoturismo e produtor cultural Hélio Caldas.
Friedlander e Caldas, a bordo de um carro fechado com tração 4x4, iniciam a expedição rumo à região dos Yungas, localizada a aproximadamente 90 km a Leste de La Paz, capital boliviana. Em Santa Cruz de La Sierra, Luca Spinoza se junta aos expedicionários.
No primeiro trecho da expedição cultural, na região conhecida como Gran Chiquitania Boliviana, a equipe vai documentar algumas Missões Jesuíticas, transformadas em Patrimônio da Humanidade pela Unesco, também alguns aspectos da vida cotidiana de várias comunidades Chiquitanas localizadas ao longo do trajeto, e aspectos naturais do Bosque Seco Chiquitano, um rico ecossistema existente na Bolívia que começa a ser ameaçado principalmente pelas atividades agropecuárias e madeireiras dos Brasileiros que migram para esta região.
A expectativa é que a equipe enfrente alguns entraves burocráticos nas fronteiras, bem como problemas de infraestrura no transporte, pois a Bolívia enfrenta um período de chuvas muito intensas que bloqueiam inúmeras estradas principalmente na região a ser percorrida. Além disso, a Bolívia passa por um momento de agitação política, a exemplo da "Crise do Açúcar".
No entanto, apesar das dificuldades que possam vir a enfrentar, os membros do Projeto Paralelo 15 estão firmes no propósito de dar visibilidade aos Afrobolivianos que vivem na região dos Yungas, e representam cerca de 0,5 % da população daquele País. “Vila Bela da Santíssima Trindade (primeira capital mato-grossense, localizada no Vale do Guaporé) é uma pequena África dentro de Mato Grosso, está no Paralelo 15 e é fronteira com a Bolívia. Essas duas comunidades viveram isoladas por muito tempo e as origens são as mesmas. Então o que a gente pretende também é colocar as duas comunidades em contato”, explicou Friedlander.
Durante aproximadamente 30 dias a equipe vai documentar também os grupos culturais de Afrobolivianos no Carnaval de Oruro, a maior e mais importante manifestação cultural da Bolívia. O trajeto a ser percorrido nesta primeira é de aproximadamente 5 mil quilômetros. No percurso, a equipe vai enfrentar a célebre e perigosa “Estrada da Morte”, uma precária estrada de chão, com alto índice de acidentes, que dá acesso as comunidades negras da Bolívia.
A região dos Yungas está localizada nos vales subtropicais da Bolívia, numa região vizinha dos Andes. A estrada que dá acesso à região é considerada a mais sinuosa da Bolívia e por isso, a mais apreciada pelos turistas estrangeiros.
Esta primeira etapa, segundo Friedlander, servirá de base para o projeto, pois será o momento de estabelecer vínculo com a população e colher informações e registros fotográficos. O projeto prevê ainda mais três etapas, que resultarão em vários produtos finais, a exemplo de livros, exposições fotográficas e elaboração de relatórios.
A República Boliviana – Impressões e sensações
“A Bolívia é o Tibet da América e nós brasileiros a tratamos como os americanos tratam o México”, com essas comparações, o fotógrafo Mário Friedlander definiu a sua admiração pelo País vizinho e a sua decepção pela forma como ele é visto pela maioria da população brasileira.
O fotógrafo lamenta que muitos brasileiros ainda mantenham uma visão preconceituosa em relação à Bolívia. “A espiritualidade, o clima, a altitude da região, é um País maravilhoso, que mantém a sua origem indígena e é muito mais desenvolvido em alguns pontos do que nós brasileiros acreditamos. A população é extremamente politizada. Cada vez que volto à Bolívia eu reforço essa visão”, ressalta.
A paixão pela Bolívia teve início na década de 80, quando Mário Friedlander fez sua primeira viagem ao país vizinho. Das muitas experiências vividas e sensações experimentadas, Friedlander destaca as duas vezes em que percorreu a pé a rota que fará a bordo do veículo 4x4. Também conhecido como “El camino Del Taquesi”, é o caminho pré-colombiano mais preservado da Bolívia.
Além de toda grandiosidade e beleza da rota, que compreende aproximadamente 42 km, nas duas vezes o fotógrafo passou experiências marcantes. “Na primeira vez eu estava sozinho e me deparei com os vigilantes do narcotráfico. Na segunda-fez eu tive uma hipotermia porque estava sem roupas adequadas para a neve, só não morri porque meu colega, um europeu que possuía roupas apropriadas me socorreu”, contou.
Já em relação ao Vale do Guaporé, Mário fala com ainda mais propriedade. “Passei muitos anos em Vila Bela da Santíssima Trindade e desenvolvi um trabalho muito intenso nessa região”, finalizou.
Parcerias - “Não temos recursos, por isso precisamos de parceiros”. Essa é a realidade dos membros do Projeto Paralelo 15. Conscientes de que uma iniciativa dessa magnitude não se viabiliza sem parceiros que acreditem na sua importância e relevância social, a equipe tem conseguido apoios importantes tanto no Brasil quanto na Bolívia.
Essas parcerias podem ser conhecidas ao acessar o blog do projeto (www.projetoparaleloquinze.blogspot.com). Também através da página na Internet, é possível acompanhar todo desenvolvimento do projeto. A intenção dos expedicionários é alimentar as mídias digitais com notícias diárias a respeito dessa primeira viagem.
Para o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT), noticiar a realidade que o projeto pretende mostrar, através de textos e fotos, é mostrar a complexidade cultural da América Latina. “Pelo respeito às minorias, para potencializar a voz de todos e todas, em favor da cultura de todos os povos, o Sindjor se compromete a ajudar na divulgação desse projeto, de grande valor jornalístico e social”, declarou a direção da entidade. 

Publicada: Sex, 04 de Março de 2011 16:09

Por: Márcia Raquel, Sindjor-MT - Fotos: Mário Friedlander 

Fonte: http://www.revistasina.com.br/portal/cultura/item/100-expedi%C3%A7%C3%A3o-busca-dar-visibilidade-%C3%A0-comunidade-afroboliviana

quinta-feira, 3 de março de 2011

Diário de Bordo - 3 de março de 2011

Começamos o dia bem cedo, empurrando o carro para ver se funcionava, como não deu certo o Luca levou a bateria até Cochabamba que ficava a 57 km de distância pra dar uma carga.
Ficamos eu e Hélio observando o amanhecer na comunidade e o dia a dia dos Quéchuas com diversas atividades de agricultura e no trato aos carneiros e gado, tudo muito simples e sofrido, a comunidade ocupa uma área entre montanhas onde cada espaço é aproveitado para a agricultura, trabalham em núcleos familiares e os filhos sempre acompanham e obedecem aos pais.


Logo cedo a mesma família da noite voltou para carregar o jumento, desta vez estavam mais sóbrios e com nossa ajuda, rapidamente a tarefa foi cumprida e foram muito educados conosco.

Acompanhamos um agricultor que morava perto de onde paramos o carro para colher os frutos da Tuna, ele se deixou fotografar, o que não é nada comum por aqui. A Tuna é o fruto de um cacto igual a palma do nordeste brasileiro. O fruto é coberto de pequenos espinhos que são retirados depois da colheita que é realizada bem cedo quando os espinhos saem fácil, os frutos são levados para os mercados das grandes cidades onde são vendidos em toda parte.
 
Colheita de Tuna

Colheita de Tuna

Por volta da hora do almoço o Luca retornou com a bateria carregada, conseguimos fazer o carro funcionar e seguimos para Cochabamba atravessando vales íngremes cobertos de flores amarelas e pequenas comunidades penduradas nas montanhas.
Cochabamba é uma grande cidade com avenidas que tem até 12 faixas e 2 ciclovias, muito comércio e morros cobertos por pequenas casas que lembram muito a paisagem das favelas cariocas, é considerada a Capital Gastronômica da Bolívia.


Conseguimos arrumar nosso carro e no final da tarde partimos para Oruro que fica a pouco mais de 200 km numa estrada com a paisagem muito perturbada e diferente.
 

Continuamos a estrada que subia sem parar numa versão segura e asfaltada da estrada que fizemos anteriormente e desfrutamos de paisagens muito impressionantes, com vales profundos e grandes altitudes. A partir dos 4000 metros de altitude pegamos uma chuvarada que se transformou numa nevasca fraca e muitas pedras caíram sobre a estrada, ao anoitecer passamos por La Cumbre a 4500 metros de altitude e a partir daí fomos descendo até Oruro que fica a 3700 metros, onde nos alojamos na casa de Dom Rene Vergara Albort, Presidente Vitalício da Confederacion Nacional de Danzas Folkloricas de Bolívia e Presidente da Camara Departamental de Hoteleria de Oruro.
 

Finalmente depois de 40 horas que saímos de Santa Cruz vamos poder tomar banho, escovar os dentes e dormir numa cama, e assim terminou nosso oitavo dia de jornada.

Texto e Fotos: Mario Friedlander

Potosí - Patrimônio da Humanidade, Bolívia

A descoberta do minério rico em prata de Cerro Rico pelo indiano Diego Huallpa em 1544, levou a fundação da cidade de Potosí em 10 de abril de 1545 no sopé do morro. A cidade nasceu sob o nome de Vila Imperial de Carlos V, em honra do então rei espanhol Carlos V. Seu fundador foi Juan de Villarroel.

A escavação em larga escala começou de imediato e a primeira remessa de prata foi enviada à Espanha. Em 1672, uma casa da moeda foi criada para a moeda de prata e reservatórios de água foram construídos para atender às necessidades da população em crescimento. Naquele momento, mais de oitenta e seis igrejas foram construídas e população da cidade aumentou para quase 200 mil, tornando-se uma das cidades mais ricas e a maior na América Latina e no mundo.

Durante o início do século 19, as lutas pela independência causaram saques a muitas igrejas. Então, a riqueza da cidade foi removida para a Europa ou para outras partes do reino espanhol. Até então a população caiu para menos de 10.000. Na época da independência, em 1825, as minas do Cerro Rico estavam praticamente esgotadas. Em meados do século 19, uma queda nos preços da prata de Potosí, prejudicaram a economia de um modo do qual nunca se recuperou completamente.

Em 11 de dezembro de 1987 (em Paris, França), a UNESCO declarou a cidade de Potosí um "Patrimônio da Humanidade", em reconhecimento pela sua rica história e sua riqueza de arquitetura colonial.

Em novembro de 1996, segundo dados do Instituto Nacional de Estadística (INE), Potosí tinha uma população de 121.097 habitantes.






Fotos: Mario Friedlander
Fonte: Bolivia Web Interactive

quarta-feira, 2 de março de 2011

Diário de Bordo - 2 de março de 2011

Saímos bem cedo de Santa Cruz, desta vez com nossa equipe completa pois o Luca Spinoza já está conosco, vamos em direção a Cochabamba, a cerca de 500 kms pela estrada velha pois a estrada nova encontra-se intransitável em alguns trechos, principalmente pela queda de uma ponte.
 

Quando estávamos estacionados em frente ao Posto da Polícia de Trânsito na saída de Santa Cruz, para fazermos nosso registro de saída e pagamento do pedágio, nosso carro teve a traseira esquerda atropelada por uma carreta bitrem carregada. O acidente provocou poucos danos materiais, mas um grande transtorno na viagem, pois tivemos que ir todos juntos a cidade mais próxima para registrar a ocorrência em uma delegacia e assim tentar receber pelos danos causados pelo motorista da carreta. Neste procedimento acabamos perdendo 3 horas preciosas que depois fizeram uma enorme diferença para nós.

Batida no carro da Expedição

Delegacia em Santa Cruz

Após o incidente, saímos para Samaipata onde a rodovia acompanha o correntoso Rio Piray com cânions e florestas espetaculares além de morros areníticos e outras formações montanhosas muito belas e incomuns para nós. Esta é uma região da mais alta beleza cênica e foi difícil controlar a vontade de parar o carro e registrar em fotos e vídeo o que víamos.

 Vale do Piray
Vale do Piray

Vale do Piray

Vale do Piray

Após a região de Samaipata que fica acerca de 1500 metros de altitude, penetramos numa área com um ecossistema completamente diferente, uma vegetação menor e mais seca, com muitas espécies de cactos e uma exuberância surpreendente. O Hélio Caldas, que é pernanbucano e conhece muito bem todo o nordeste brasileiro, ficou atônito, segundo ele, parecia que estávamos atravessando o sertão nordestino na época das chuvas, o clima, a paisagem, a vegetação inclusive os cactos e várias espécies de árvores, a arquitetura das casas de adobe e a configuração dos pequenos sítios com plantações de milho e outros vegetais, a criação de cabras e gado rústico solto, tudo é igual ao sertão nordestino. Pura Caatinga em plena Bolívia.
 

Vale Mesotermicos

Vale Mesotermicos

Vale Mesotermicos 

Vale Mesotermicos

Após ultrapassar esta linda e surpreendente região, nas proximidades onde Che Guevara foi morto, continuamos até Comarapa. A partir daí enfrentamos uma subida muito íngreme numa estrada coberta por uma poeira muito fina, como a estrada nova está bloqueada, os caminhões de carga que abastecem Santa Cruz com produtos manufaturados e outros caminhões que saem de Santa Cruz com produtos agropecuários em direção a várias partes da Bolívia, além dos ônibus e carros menores, todos têm que transitar por este trecho, são muitos quilômetros de paisagens arrebatadoras imersos numa espessa nuvem de poeira fina que tudo penetra e tira toda visibilidade.
 

Parece que estamos numa roleta russa, puro perigo, sem nenhuma chance de relaxamento. Nunca tinha passado em  uma estrada tão linda e tão desconfortavelmente perigosa, pelo menos até aquele momento. Logo eu veria que aquilo era só o começo da encrenca.
 

La Siberia

Começamos a subir cada vez mais as grandes montanhas em direção a "La Sibéria", considerada pelo Luca Spinoza como uma "fábrica de chuvas", realmente, no alto de grandes montanhas cobertas de uma floresta muito diferente, nuvens gigantes se formam e se espalham continuamente.

La Siberia

Após chegarmos a La Sibéria toda a poeira se transformou em neblina com poeira e pudemos ver melhor onde estávamos metidos, enormes precipícios no lugar de acostamentos e um visual incrivelmente belo e assustador, a estrada sobe até chegar aos 3500 metros de altitude ou seja, em poucos quilômetros subimos dos 1500 metros em Samaipata para os 3500 metros na Sibéria.

La Siberia

La Siberia

Logo começamos a descer em direção ao "Valle Hermoso" e tudo foi ficando mais bonito ainda, muitas famílias e comunidades em meio as montanhas colhendo plantações de batatas e pêssegos.

Colheita Durazno

Ao chegarmos ao fundo do Valle Hermoso, imediatamente começamos a subir pelo outro lado da cordilheira de montanhas e o que era belo e perigoso antes, era só um prenúncio do que nos esperava.
 
Equipe no Vale Hermoso

Vale Hermoso

Vale Hermoso

Equipe no Vale Hermoso

A estrada serpenteava entre altas montanhas, precipícios e cachoeiras por todas as partes, espetacular seria pouco para descrever a paisagem que desfrutamos ao final do dia, mas por outro lado vimos que nossa jornada noturna seria muito mais arriscada do que tudo que já tínhamos feito anteriormente.
 

Os caminhões subindo e descendo sem parar, sem ligar os faróis e sem muita delicadeza com carros menores, a poeria voltou a cobrir tudo, juntamente com a escuridão da noite. Não havia outra opção a não ser seguir em frente até Epizana onde o asfalto nos aguardava. Foi o que fizemos com muita tensão e cansaço, principalmente do Hélio que teve que encarar a direção do veículo por mais de 20 horas e ainda estávamos bem longe de Cochabamba.

Chegamos em Epizana e o alívio de estarmos numa estrada de asfalto, esburacada, mas de asfalto, logo seria substituído por mais tensão ainda, pois logo percebemos que o alternador do carro não funcionava mais, continuamos nossa viagem enquanto nossa luz minguava e depois acendemos nossa pequenas lanternas até encontrarmos um ponto que seria possível sair desta perigosa estrada e passar a noite.

Encostamos o carro na pequena Comunidade Saca Bambilla, de agricultores Quichúas e aí ficamos a noite toda dentro do carro, com muito frio ao lado de um jumento amarrado por uma fita de couro na perna, os donos do jumento estavam meio bêbados de tanto tomar chicha e incomodados pela nossa presença repentina. Resolveram no meio da noite carregar o jumento com grandes sacos de vegetais.
 
Chegada na Comunidade Saca Bambilla


Foi a maior confusão, todo mundo tonto carregando o jumento e a carga caindo a todo momento e eles bradando entre si em quíchua e tudo isso no escuro ao nosso lado, uma cena muito absurda e um pouco cômica. Ficamos calados, mas rindo por dentro e temerosos que a cena toda terminasse em algum tipo de violência, mas de repente o pessoal desistiu de carregar o jumento e foram todos dormir meio cambaleantes.

Ficamos, nós e o jumento, cada um no seu canto, tentando dormir em meio ao frio e a uma chuva fina. Passamos a noite toda sentados tentando dormir e sendo acordados continuamente pelo relinchar estrondoso do jumento que de tempos em tempos nos acordava sobressaltados.
 

Assim terminamos nosso sétimo dia de jornada.


Texto e Fotos: Mario Friedlander